quarta-feira, 26 de setembro de 2012

Resenha filme SICKO - SOS Saúde


RESENHA DO DOCUMENTÁRIO: SICKO – SOS SAÚDE
SICKO SOS SAÚDE é um documentário que foi dirigido e produzido pelo cineasta Michael Moore. O seu principal objetivo é mostrar como funciona o sistema de saúde norte-americano. Nos EUA não existe sistema de saúde universal e gratuito. A população só tem acesso à saúde se conveniada a um plano de saúde. No decorrer do documentário, são apresentados vários casos de pessoas que apesar de terem planos de saúde, não tem suas despesas cobertas pelas seguradoras, nem o acesso aos medicamentos que necessitam, ou a exames mais especializados e caros, e na maioria dos casos os motivos apresentados são infundados e até preconceituosos. Ou seja, a população é obrigada a pagar valores altíssimos para manter um plano de saúde. Porém se o segurado apresentar algum risco de saúde que possa comprometer o rendimento do Plano, já está fora e é obrigado a pagar por tratamento particular ou não ser atendido, o levando a risco de morte, pois . existe uma lista infinitamente grande de doenças que não são aceitas para serem asseguradas.
Assim sendo, o documentário mostra que o sistema de saúde americano faz da saúde da população um comércio lucrativo para os Planos de Saúde e para o próprio governo. O objetivo dos planos de saúde não é a saúde das pessoas, e sim a maximização dos lucros! Podemos ver isso quando o documentário nos mostra que no Governo do presidente Clinton, a primeira dama Hillary Clinton anunciou o plano de cobertura universal da saúde. Porém o que se viu foi a compra dos congressistas pelos seguros de saúde e fábricas de medicamentos para que o sistema de seguros particulares continuasse crescendo. Enquanto tudo isso ocorria, o documentário nos mostras casos de pessoas que vieram a falecer em decorrência de não serem assegurados pelos planos de saúde para fazer um determinado tipo de exame ou cirurgia.
Moore apresenta o modelo de saúde norte-americano e o campara com o de outros países. Ele mostra como funciona o sistema de saúde no Canadá, Reino Unido, França e Cuba. Com isso podemos ver pontos negativos e positivos a respeito dos sistemas de saúde. O documentário mostra que todos esses países acima citados possuem sistemas públicos de saúde. O Canadá possui um sistema público de saúde pago, Medicare, que é patrocinado pelo
governo. Os serviços básicos são feitos por médicos privados, que tem as despesas negociadas e pagas pelo governo. O Reino Unido também possui um sistema público de saúde, onde qualquer remédio tem o mesmo preço (6,65 libras) e dependendo da sua idade (menos de 16 e mais de 60) você nem paga. E dependendo da condição financeira da pessoa, ao sair do hospital ela recebe dinheiro para pagar a passagem de volta pra casa. Na França há médicos e hospitais tanto público quanto privados e a maioria dos custos é pago pelo governo. Os planos de saúde são oferecidos por organizações sem fins lucrativos ou cooperativas. Você paga do jeito que pode e recebe tratamento do jeito que precisa. Já em Cuba, grande parte do produto interno bruto vai para a saúde e há um sistema de saúde público. Para pacientes estrangeiros há um sistema de pagamento por um preço muito baixo. Os remédios são pagos por fora. Possuem uma base de medicina preventiva.
A partir dessas características de cada sistema de saúde apresentado no documentário, podemos notar o quão atrasado é os EUA com relação à saúde pública em contraste com os outros países. Os EUA é o único país ocidental a não possuir um sistema público de saúde. Em contraste podemos notar que esses países europeus e Cuba possuem um sistema de saúde que atende universalmente quem dele precisar e não quem pode pagar.
Apesar de o documentário não mostrar o sistema de saúde do Brasil, o SUS, é possível compará-lo com relação ao apresentado no documentário. Comparado ao modelo norte-americano o SUS é muito mais avançado, pois se trata de um sistema de saúde público, que possui como princípios a universalidade (Saúde como direito de todos e dever do Estado), Equidade (Justiça Social) e Integralidade (Engloba todos os níveis de complexidade de assistência à saúde. Ações de promoção, proteção e recuperação). Porém, comparado com os outros modelos apresentados o SUS se mostra falho, pois apesar de ter esses princípios assegurados constitucionalmente, há falta de investimento na saúde. Segundo nossa constituição os planos de saúde deveriam ter caráter complementar, mas o que presenciamos é o oposto. Devido à precarização do SUS, recorre a atendimento público quem não pode pagar um plano de saúde privado. Mas mesmo com toda essa precarização ainda possuímos um sistema de saúde público e devemos agir como mostrado
no documentário, mais especificamente como a população francesa que luta e reivindica por seus direitos através de movimentos populares. Nós brasileiros conseguimos a saúde pública como direito através de movimentos populares e através deles devemos continuar a afirmar como nosso direito e fazer valer o que está assegurado constitucionalmente.
Com relação aos modelos de saúde dos países europeus mostrados no documentário e já listados acima sabemos que são modelos bem sucedidos pelo menos até quando foi filmado o documentário em 2007. Mas decorrente do contexto econômico que vivemos, um contexto de crise mundial do capitalismo com forte impacto na Europa, nos ficou uma dúvida: Será que esses sistemas de saúde pública ainda funcionam tão bem nesses países? Pois como vemos a crise está gerando uma avalanche de desempregos pelos países europeus, e se tem muita gente desempregada não se recolhe impostos para financiar o sistema de saúde.

quinta-feira, 13 de setembro de 2012

Neoliberalismo e desafios atuais da Prática Profissional

 
Resumo do Texto: Serviço Social em Tempo de Capital Fetiche
Págs. 162-167 (Iamamoto)

A questão social é indissociável da sociedade capitalista e, particularmente, das configurações assumidas pelo trabalho e pelo Estado na expansão monopolista. A gênese da questão social na sociedade burguesa deriva do caráter coletivo da produção contraposto à apropriação privada da própria atividade humana, o trabalho, das condições necessárias à sua realização, assim com a de seus derivados.
A questão social une o conjunto das desigualdades e lutas sociais, produzidas e reproduzidas no movimento contraditório das relações sociais, alcançando plenitude de suas expressões e matrizes em tempo de fetiche do capital. Então, o processo de acumulação produz uma população relativamente supérflua e subsidiária às necessidades médias de seu aproveitamento pelo capital. Sendo esta que é específica da ordem burguesa e das relações sociais que a sustentam, é compreendida como expressão ampliada da exploração do trabalho e das desigualdades oriunda do modo de produção capitalista.
Ao ponto que o Serviço Social tem na questão social a base de sua fundação enquanto especialização do trabalho. Os assistentes sociais, por meio da prestação de serviços sócio-assistenciais realizados nas instituições públicas e organizações privadas, interferem nas relações sociais cotidianas, no atendimento às variadas expressões da questão social, tais como experimentadas pelos indivíduos sociais no trabalho, na família, na luta pela moradia e pela terra, na saúde, na assistência social pública, entre outras dimensões.
Atualmente, a questão social passa a ser objeto de um violento “processo de descriminalização”, influenciado pela tendência de naturalização da questão social, sendo ela objeto de programas assistenciais focalizados de “combate à pobreza” ou em expressões da violência dos pobres, cuja a resposta é a segurança e a repressão oficiais; demonstrando a ineficiência do Estado, esse mesmo que apresenta propostas “imediatas” para enfrentar a questão-social, com a articulação de uma assistência focalizada/repressão, com o reforço do braço coercitivo do Estado, em detrimento da construção do consenso necessário ao regime democrático, que é motivo de inquietação.
Observando essa tendência que caminha a fragmentação das inúmeras “faces da questão social”, atribuindo unilateralmente aos indivíduos e seus familiares a responsabilidade pelas dificuldades vividas. Acarretando a perda da dimensão coletiva e o recorte da classe da questão social, isentando a sociedade de classes da responsabilidade na produção das desigualdades sociais, armadilha ideológica, eliminando o nível da análise, da dimensão coletiva da questão social, reduzindo-a uma dificuldade, apenas, do indivíduo.
Acorrentando a análise da realidade em um discurso genérico, que redunda em uma visão unívoca e indiferenciada da questão-social, prisioneira das análises estruturais, segmentadas da dinâmica conjuntural e da vida dos sujeitos sociais. A questão social passa a ser esvaziada de suas particularidades históricas. Observando a influência da idéia de uma “renovação da velha questão social”, inscrita na própria natureza das relações sócio-históricas na sociedade contemporânea, aprofundando suas contradições e assumindo novas expressões na atualidade. Onde a tendência de reduzir a questão social a situações de exclusão é parte do processo de desestabilização da condição salarial, utilizada para definir todas as misérias do mundo.
Não menos importante é a relevância de que o discurso da exclusão é expressão ideológica de uma práxis limitada da classe média e não de um projeto anticapitalista e crítico, onde o desafio é tornar a sociedade beneficiária da acumulação. Com o decorrer da história nota-se a classificação de “exclusão social” é um sintoma grave, que vem, de maneira desastrosa tornar os seres humanos descartáveis, reduzidos à condição de coisa, ápice da alienação, coisificação, sobre o indivíduo.
Sendo essa mesma, coisificação, que encobre os mecanismo de dominação, de subalternização, buscando uma desconstrução da idéia do direito social.