quinta-feira, 13 de setembro de 2012

Neoliberalismo e desafios atuais da Prática Profissional

 
Resumo do Texto: Serviço Social em Tempo de Capital Fetiche
Págs. 162-167 (Iamamoto)

A questão social é indissociável da sociedade capitalista e, particularmente, das configurações assumidas pelo trabalho e pelo Estado na expansão monopolista. A gênese da questão social na sociedade burguesa deriva do caráter coletivo da produção contraposto à apropriação privada da própria atividade humana, o trabalho, das condições necessárias à sua realização, assim com a de seus derivados.
A questão social une o conjunto das desigualdades e lutas sociais, produzidas e reproduzidas no movimento contraditório das relações sociais, alcançando plenitude de suas expressões e matrizes em tempo de fetiche do capital. Então, o processo de acumulação produz uma população relativamente supérflua e subsidiária às necessidades médias de seu aproveitamento pelo capital. Sendo esta que é específica da ordem burguesa e das relações sociais que a sustentam, é compreendida como expressão ampliada da exploração do trabalho e das desigualdades oriunda do modo de produção capitalista.
Ao ponto que o Serviço Social tem na questão social a base de sua fundação enquanto especialização do trabalho. Os assistentes sociais, por meio da prestação de serviços sócio-assistenciais realizados nas instituições públicas e organizações privadas, interferem nas relações sociais cotidianas, no atendimento às variadas expressões da questão social, tais como experimentadas pelos indivíduos sociais no trabalho, na família, na luta pela moradia e pela terra, na saúde, na assistência social pública, entre outras dimensões.
Atualmente, a questão social passa a ser objeto de um violento “processo de descriminalização”, influenciado pela tendência de naturalização da questão social, sendo ela objeto de programas assistenciais focalizados de “combate à pobreza” ou em expressões da violência dos pobres, cuja a resposta é a segurança e a repressão oficiais; demonstrando a ineficiência do Estado, esse mesmo que apresenta propostas “imediatas” para enfrentar a questão-social, com a articulação de uma assistência focalizada/repressão, com o reforço do braço coercitivo do Estado, em detrimento da construção do consenso necessário ao regime democrático, que é motivo de inquietação.
Observando essa tendência que caminha a fragmentação das inúmeras “faces da questão social”, atribuindo unilateralmente aos indivíduos e seus familiares a responsabilidade pelas dificuldades vividas. Acarretando a perda da dimensão coletiva e o recorte da classe da questão social, isentando a sociedade de classes da responsabilidade na produção das desigualdades sociais, armadilha ideológica, eliminando o nível da análise, da dimensão coletiva da questão social, reduzindo-a uma dificuldade, apenas, do indivíduo.
Acorrentando a análise da realidade em um discurso genérico, que redunda em uma visão unívoca e indiferenciada da questão-social, prisioneira das análises estruturais, segmentadas da dinâmica conjuntural e da vida dos sujeitos sociais. A questão social passa a ser esvaziada de suas particularidades históricas. Observando a influência da idéia de uma “renovação da velha questão social”, inscrita na própria natureza das relações sócio-históricas na sociedade contemporânea, aprofundando suas contradições e assumindo novas expressões na atualidade. Onde a tendência de reduzir a questão social a situações de exclusão é parte do processo de desestabilização da condição salarial, utilizada para definir todas as misérias do mundo.
Não menos importante é a relevância de que o discurso da exclusão é expressão ideológica de uma práxis limitada da classe média e não de um projeto anticapitalista e crítico, onde o desafio é tornar a sociedade beneficiária da acumulação. Com o decorrer da história nota-se a classificação de “exclusão social” é um sintoma grave, que vem, de maneira desastrosa tornar os seres humanos descartáveis, reduzidos à condição de coisa, ápice da alienação, coisificação, sobre o indivíduo.
Sendo essa mesma, coisificação, que encobre os mecanismo de dominação, de subalternização, buscando uma desconstrução da idéia do direito social.



Um comentário:

  1. Por mais resumos que tratam de questões relevantes, não apenas ao Serviço Social!

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