Resumo do Texto: Serviço
Social em Tempo de Capital Fetiche
Págs. 162-167 (Iamamoto)
A questão social é indissociável da
sociedade capitalista e, particularmente, das configurações
assumidas pelo trabalho e pelo Estado na expansão monopolista. A
gênese da questão social na sociedade burguesa deriva do caráter
coletivo da produção contraposto à apropriação privada da
própria atividade humana, o trabalho, das condições necessárias à
sua realização, assim com a de seus derivados.
A questão social une o conjunto das
desigualdades e lutas sociais, produzidas e reproduzidas no movimento
contraditório das relações sociais, alcançando plenitude de suas
expressões e matrizes em tempo de fetiche do capital. Então, o
processo de acumulação produz uma população relativamente
supérflua e subsidiária às necessidades médias de seu
aproveitamento pelo capital. Sendo esta que é específica da ordem
burguesa e das relações sociais que a sustentam, é compreendida
como expressão ampliada da exploração do trabalho e das
desigualdades oriunda do modo de produção capitalista.
Ao
ponto que o Serviço Social tem na questão social a base de sua
fundação enquanto especialização do trabalho. Os assistentes
sociais, por meio da prestação de serviços sócio-assistenciais
realizados nas instituições públicas e organizações privadas,
interferem nas relações sociais cotidianas, no atendimento às
variadas expressões da questão social, tais como experimentadas
pelos indivíduos sociais no trabalho, na família, na luta pela
moradia e pela terra, na saúde, na assistência social pública,
entre outras dimensões.
Atualmente, a questão social passa a
ser objeto de um violento “processo de descriminalização”,
influenciado pela tendência de naturalização da questão social,
sendo ela objeto de programas assistenciais focalizados de “combate
à pobreza” ou em expressões da violência dos pobres, cuja a
resposta é a segurança e a repressão oficiais; demonstrando a
ineficiência do Estado, esse mesmo que apresenta propostas
“imediatas” para enfrentar a questão-social, com a articulação
de uma assistência focalizada/repressão, com o reforço do braço
coercitivo do Estado, em detrimento da construção do consenso
necessário ao regime democrático, que é motivo de inquietação.
Observando essa tendência que caminha
a fragmentação das inúmeras “faces da questão social”,
atribuindo unilateralmente aos indivíduos e seus familiares a
responsabilidade pelas dificuldades vividas. Acarretando a perda da
dimensão coletiva e o recorte da classe da questão social,
isentando a sociedade de classes da responsabilidade na produção
das desigualdades sociais, armadilha ideológica, eliminando o nível
da análise, da dimensão coletiva da questão social, reduzindo-a
uma dificuldade, apenas, do indivíduo.
Acorrentando
a análise da realidade em um discurso genérico, que redunda em uma
visão unívoca e indiferenciada da questão-social, prisioneira das
análises estruturais, segmentadas da dinâmica conjuntural e da vida
dos sujeitos sociais. A questão social passa a ser esvaziada de suas
particularidades históricas. Observando a influência da idéia de
uma “renovação da velha questão social”, inscrita na própria
natureza das relações sócio-históricas na sociedade
contemporânea, aprofundando suas contradições e assumindo novas
expressões na atualidade. Onde a tendência de reduzir a questão
social a situações de exclusão é parte do processo de
desestabilização da condição salarial, utilizada para definir
todas as misérias do mundo.
Não menos importante é a relevância
de que o discurso da exclusão é expressão ideológica de uma
práxis limitada da classe média e não de um projeto
anticapitalista e crítico, onde o desafio é tornar a sociedade
beneficiária da acumulação. Com o decorrer da história nota-se a
classificação de “exclusão social” é um sintoma grave, que
vem, de maneira desastrosa tornar os seres humanos descartáveis,
reduzidos à condição de coisa, ápice da alienação,
coisificação, sobre o indivíduo.
Sendo essa mesma, coisificação, que
encobre os mecanismo de dominação, de subalternização, buscando
uma desconstrução da idéia do direito social.
Por mais resumos que tratam de questões relevantes, não apenas ao Serviço Social!
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